domingo, 10 de maio de 2009
sexta-feira, 8 de maio de 2009
Trigger Hippie
2 dias. 3 filmes. E por coincidência todos sobre o amor. Extremamente diferentes, abordagens inclusive, mas o mesmo tema. Louco? Não. Apenas a sensação de que no fundo todos estão procurando por isso.
Explico aqui que minha afirmação não necessariamente se restringe ao amor por outra pessoa, no caso homem e mulher (incluindo passagens pelo sentido Bíblico) ou qualquer derivativa disso. Mas é o sentido do qual pretendo falar.
Já dizia Antônio Carlos Jobim ser 'impossível ser feliz sozinho', mas também diziam alguns escritores, desde o século XII, que 'paixão é sofrer por amor'. Ou seja, se o amor e o sofrimento estão sempre na mesma frase, ou pelo menos na mesma página, optamos então pelo sofrimento? E a resposta é sim!
Quem nunca se apaixonou? Quem nunca amou alguém loucamente? Se jogou em uma história mesmo sabendo que ia se foder no final? Emagreceu, virou vigilante de telefone, chorou ao ouvir a 'nossa' música ou escreveu cartas de amor (que continuam sendo ridículas, diga-se de passagem)? Resumo da ópera: por mais que seja uma tortura, um martírio, um sofrimento, não é maravilhoso passar por tudo isso?????
Alice me disse algo outro dia que me balançou. Aquela mesma Alice dos pompons cor-de-rosa que nutria o amor pelo príncipe encantado e fez anos de análise para superar (ou seria absorver) isso. Finalmente ela encontrou, nela mesma, o que sempre procurou. Ela entendeu que por mais que houvesse problemas o amor tava lá, na cara dela. Não tinha vontade de ninguém, apenas do que tinha antes. De um amor tranquilo (por mais que eles briguem, rs), seguro. Sem joguinhos, sem hipocrisia. Eles apenas existem ali ao mesmo tempo. Não são metade de nada, nem de ninguém. Cada um é um, ora bolas! São companheiros e não a companhia um do outro. Tão parecidos e tão diferentes. Tão eles mesmos.
E assim como Alice, por que todas as pessoas simplesmente não param de complicar as coisas e aproveitam os momentos com o outro? Bom, provavelmente por já terem entrado no relacionamento com tantas expectativas, paranóias e mentiras, que fica impossível seguir adiante. Expectativa gera frustração e daí pra frente ladeira abaixo. Conclusão: mais um relacionamento que não deu certo, lágrimas, saudades da rotina, solidão.
Anfã, não sou a dona da verdade, mas se a gente nasce e morre sozinho, não seria o caso de aproveitarmos o amor intensamente, enquanto ele é possível? Vinícius de Moraes resumiu tudo isso em seu Soneto de Fidelidade. Eu me rendo...
'De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure'.
Bjks