sábado, 13 de setembro de 2008

'Cartas na mesa'


'Mon cher ami, Alice.
Sei que há muito não posto. Talvez por conta da sua ausência. Não sei o que há com você, mas de uns tempo pra cá você me parece uma outra pessoa. Se isso é bom ou ruim eu não faço a menor idéia, mas confesso que ando sentindo sua falta.
Não sei se está apaixonada, louca, gorda, magra, loira, ruiva ou morena. Também se você já parou de pintar suas unhas com aquele esmalte rosa horroroso, se já se mudou de casa ou cumpriu a promessa de ficar 1 mês sem beber por conta dos seus últimos excessos. Peço-lhe por favor que me retorne esse e-mail com algum tipo de resposta e não com aquelas suas frases feitas ou ditados com analogias bizarras. Sou sua amiga e estou preocupada com você e o que anda acontecendo em sua vida, viu?!
Bjks
Moi.'


'Mon cher ami, Carole.
Confesso estar sim ausente, mas garanto-lhe que por boa causa. Depois de algum tempo de sofrimento e dor - pelos motivos que não necessito comentar, 'inda mais com sua pessoa - confesso estar num processo de cura de dentro para fora. Acredite que está sendo muito difícil para mim lhe dizer isso, mas eu realmente não estava bem e muito menos feliz.
Sei que sua reação ao ler isso, certamente será o bom e velho: - Eu não disse!?!?!? Mas eu não me importo. Como resposta lhe ofereço minha inferioridade corroborada pela informação de que há poucos dias li que precisamos ser mais tolerantes com o fato dos outros simplesmente não conseguirem entender ou ver algo. Acredite que isso pode não ser teimosia ou burrice, mas a inferioridade de uma alma menos evoluída. Não que você seja o Dalai Lama (ehehe), mas ao contrário de mim que sou tão impulsiva, sei que você enxerga as coisas melhor que os outros por ser mais calma e por isso mais observadora da natureza humana.E por que isso não pode fazê-la mais evoluída????
Sério, vou te dizer que fisicamente eu continuo a mesma (inclusive no quesito esmalte que você detesta, rs), mas minha alma e meu coração adquiriram uma paz que não existia anteriormente. Entendi que rezar não é uma coisa para fracos, mas algo que ajuda a aquietar a mente, assim como meditar ou qualquer coisa que ajude a descarregar essa energia que fica presa na garganta em forma de nó.

(Pausa para comment: engraçado falar isso assim, pois a última vez que fiz reiki a pessoa me disse ter sentido uma energia estranha bem na minha garganta. Somado a isso me lembro,
quando adolescente, de uma taróloga que morava no meu bairro. Uma vez ela me disse que pigarro queria dizer vontade de falar algo, mas que se não dito ficava preso bem ali. E talvez fosse isso que estivesse sentindo e me fazendo ser considerada louca por você e todas as minhas amigas: a Alice falastrona que todos conheciam estava sem voz, impotente!)
Bom, depois de toda catarse decorrida veio uma tristeza imensa, uma mistura de solidão, melancolia e depressão. Mas com o passar dos dias, das semanas, eu me joguei de cabeça na busca por quem eu era ou por quem eu deveria ser. Sim, ainda estou cicatrizando, mas posso lhe dizer que tudo está bem mais claro agora. Se estou apaixonada? Estou sim, apaixonada pela vida e pela paz que sinto em meu coracão. Me sinto uma pessoa iluminada e abençoada por um amor que não sabia que poderia suportar.
Enfim, não quero ficar te enchendo com esse tipo de coisa, que na sua concepção, não passa de pieguismo. Apenas saiba que estou bem, ou melhor, melhorando, e assim que possível entro em contato para falarmos melhor, tudo bem?!
Não se preocupe!
Beijos no coração,
da amiga Alice.'

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