Pois foi com esta pergunta que meu dia começou hoje. Cheguei cedo ao trabalho e lá veio ela com suas questões. Alice me disse que passou o fim de semana todo com essa pulga atrás da orelha. Que ao se olhar no espelho não se reconheceu, que parecia uma outra pessoa... - Mas o que é isso agora? perguntei a ela. E ela me respondeu: - Eu não sei... é como se eu fosse duas pessoas. Uma alegre e feliz que vive, sem trocadilho, no País das Maravilhas e a outra que trabalha, paga contas, conserta coisas, fica estressada...
Sério, juro que tentei não me envolver nesta maluquice matinal, pós final de semana de paz, mas como não parar para raciocinar sobre o que ela disse? Sexta-feira ela estava batendo os tornozelos de alegria dentre as báias do escritório e hoje está deprimida e carrancuda. - Será que Alice é bipolar? Ou será que lá no fundo nós somos realmente duas pessoas em uma usando-as nos momentos que nos é conveniente?
Apelando para Lewis Carroll, que além do 'Alice no País das Maravilhas' também escreveu 'Alice do outro Lado do Espelho'...
“Vamos, não há razão para chorar assim”, disse Alice. “Eu lhe aconselho deixar isso pra lá neste minuto.” Normalmente ela se dava bons conselhos (embora raramente os seguisse) e às vezes repreendia-se tão severamente que chegava a ficar com lágrimas nos olhos, [...], pois essa curiosa criança gostava de fingir ser duas pessoas. “Mas não adianta agora”, pensou a pobre Alice, “querer ser duas pessoas! Porque é suficientemente difícil para mim ser uma pessoa respeitável.”
E a dúvida que fica: quem, realmente, você é?
Bjks
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