Eu conheço muita gente, mas tenho poucos amigos. E antes que isso vire um clichê assumo qualquer culpa nesse sentido e digo que isso ocorre principalmente por um problema exclusivamente meu. Mas que prefiro não comentar neste momento para não me alongar demais.
Enfim, especificamente sobre um desses meus amigos eu gostaria de falar a respeito. Eu o conheci no trabalho, como a maior parte dos meus amigos atuais, há uns 8 anos atrás. Sem maiores detalhes, apenas que ele parecia estar 24 horas ligado no 220v. Ria, pulava, gritava e brincava o tempo inteiro. Obviamente uma pessoa dessa perto de outra que adora uma bagunça... Só poderiam ficar amigos! E foi o que aconteceu. Trabalharam por um tempo juntos e nesse tempo viraram muitas noites por conta de jobs imensos, jogaram muito PlayStation sentados na mesa de sinuca, tomaram alguns chopes, tequilas e afins. Foi um tempo feliz!
Mas a vida se acarreta de, em certos momentos, levar as pessoas para caminhos diferentes. Perdemos o contato, mas uns dois anos depois se reencontraram em outra agência. A amizade voltou e quando seguiram rumos diferentes a amizade permaneceu. Mais branda, porém sempre existente – as redes sociais já bem avançadas nesta fase ajudaram também.
Mas o ponto é: um belo dia ele conheceu uma baiana, se apaixonou , largou tudo e se mudou pra Salvador. O romance não deu certo, mas... Ele já estava lá! Ele teve a coragem de recomeçar em outro lugar, uma nova vida, com novos amigos, trabalhos e tudo que acarreta uma mudança assim.
Daí esses dias estava pensando se coragem é algo que as pessoas têm ou não têm. Penso que ele sempre teve essa vontade, mesmo que no interior de seu íntimo, mas será que lá dentro ele tinha coragem? Ou será que a coragem não se materializou em forma de uma mulher, como algo a catapultá-lo para um sonho, mas ao mesmo tempo alguém para culpar se não desse certo? Será que isso amenizaria a culpa em caso de falhar?
Sinceramente não consigo chegar a uma resposta segura, mas só consigo pensar que por essa ótica, talvez, a vida possa se tornar, quem sabe, mais agitada? Mais sofrida? Ou seria uma forma de trocarmos o medo por um impulso? Sinceramente???? Não sei!
Bom, de qualquer forma fica a dúvida: mas o que me levou a pensar em tudo isso? Bom, a HBO andou reprisando incessantemente (como de praxe) Comer Rezar e Amar e apesar de achar que o filme não consegue chegar aos pés do livro (o que ocorre em 99% dos casos), consigo juntar as duas coisas e compreender aquilo de uma forma única. Por motivos diferentes do meu amigo Elizabeth Gilbert também larga tudo em busca de algo novo. E confesso que essa possibilidade de sair pelo mundo buscando e explorando o novo sempre permeia meu ser em variados momentos. Mas diferente desses dois personagens-reais é bem capaz de me faltar coragem, ou quem sabe, a ‘desculpa’ para fazer disso algo real.
Para finalizar: tem uma parte do filme em que Felipe, personagem vivido por Javier Bardem, explica a Liz que ambos são “antevasins”, ou seja, pessoas que estão sempre no meio. Segundo ele os “antevasins” deixam o conforto da família em busca da iluminação. Bom, quanto a deixar o conforto de minha família, ok, isso foi feito há quase 15 anos. Mas a iluminação ainda está sendo providenciada e espero, sinceramente, conseguir atingí-la um dia.
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